Como Precificar de Forma Estratégica em um Mercado Onde o Carro Não Vai Ficar Mais Barato
- Carla Cheab

- 2 de dez.
- 4 min de leitura
O setor automotivo brasileiro vive sua maior transformação desde a popularização dos motores flex. O vídeo “Super Executivos analisam o futuro da mobilidade nacional” sintetiza com precisão o que líderes das maiores montadoras e empresas de mobilidade já sabem: o carro não vai ficar mais barato, a mobilidade está deixando de ser posse e a precificação será o centro da competitividade das locadoras.
Neste artigo, destrinchamos os principais insights do debate e conectamos cada um deles aos desafios reais enfrentados por locadoras de veículos — especialmente no carro por assinatura, terceirização de frotas, aluguel corporativo e remarketing.
Se você quer entender como proteger margem, antecipar movimentos de mercado e preparar sua locadora para os próximos anos, este é o guia definitivo.
1. O Carro Não Vai Ficar Mais Barato — E Isso Redefine a Base da Precificação
Os executivos foram unânimes ao afirmar: não existe perspectiva concreta de queda no preço dos carros novos no Brasil.
E essa realidade é sustentada por fatores estruturais:
Carga tributária absurda — cerca de 55% do valor final do carro;
Logística pesada e ineficiente — transporte caro, infraestrutura defasada;
Custo de capital elevadíssimo — juros reais entre os mais altos do mundo;
Tecnologia embarcada crescente — ADAS, sistemas digitais, conectividade;
Baixo volume de produção — o mercado brasileiro é pequeno comparado ao global.
Ou seja: mesmo com incentivos e eventuais reduções pontuais, a estrutura de custo não permite quedas significativas.
Impacto para locadoras
O custo do veículo é um dos dois pilares centrais do TCO. Se ele não cai, as locadoras não podem depender de “comprar melhor” para manter margem. O caminho passa por:
precificação precisa,
gestão de residual,
análise de ciclo de vida,
estratégia de substituição,
cálculo real do custo de capital.
A precificação deixa de ser cálculo e passa a ser sobrevivência.
2. A Indústria Agora Gira em Torno das Locadoras — E Isso Aumenta a Pressão por Margem e Previsibilidade
O painel deixa claro que o motor de demanda da indústria automotiva mudou. Com o varejo estagnado e o consumidor final comprando menos, as locadoras se tornaram o principal cliente das montadoras.
Hoje são as locadoras que:
geram escala de produção;
definem mix de vendas;
influenciam valores residuais;
determinam ritmo de renovação;
absorvem estoques;
movimentam o mercado de seminovos.
Isso significa que o setor ganhou poder — mas também ganhou responsabilidade.
Impacto para precificação
Quando você passa a ocupar o centro da indústria, o jogo muda:
Não ganha quem compra melhor.
Ganha quem revende melhor.
Ganha quem calcula melhor.
Ganha quem controla margem.
Locadoras que não dominam precificação ficam expostas e vulneráveis mesmo comprando bem.
3. Assinatura e Mobilidade como Serviço Exigem Outra Lógica de Precificação
O consumidor está migrando da posse para o uso. E isso muda tudo.
Modelos como:
carro por assinatura,
assinatura corporativa,
quilometragem flexível,
planos modulares,
gestão de frota como serviço,
estão crescendo aceleradamente. E esses modelos são sustentados por uma característica central: valor percebido.
O usuário prioriza:
previsibilidade,
comodidade,
baixa fricção,
troca rápida de modelo,
acesso à tecnologia sem custo inicial.
Impacto na precificação
A fórmula muda: Preço deixa de ser “custo + margem” e passa a ser “valor percebido + posicionamento”.
Tecnologias passam a justificar preços maiores porque elevam a percepção de valor.
Ou seja: a precificação deixa de ser matemática isolada e passa a ser estratégia de percepção.
4. Eletrificação e Baterias: A Nova Variável Mais Crítica do Valor Residual
A queda acelerada do custo das baterias — impulsionada por:
avanços nas baterias de lítio,
chegada das baterias de sódio,
produção em massa na China,
novas químicas de maior durabilidade,
está transformando a curva de TCO dos elétricos.
Os elétricos tendem a:
custar menos no futuro,
desvalorizar mais rápido a cada nova tecnologia,
ter ciclos de vida mais curtos,
perder valor residual de forma mais imprevisível.
Impacto na precificação
Para locadoras, isso significa:
necessidade de modelos mais sofisticados de previsão de residual;
maior dependência de dados reais de mercado;
simulações constantes de cenários;
ciclos menores;
risco maior de margem se o residual for mal calculado.
Precificar elétricos não é aplicar outro percentual. É criar um modelo econômico diferente.
5. Valor Residual se Torna o Eixo Central da Margem
Se antes o residual era importante, agora ele é absolutamente decisivo.
Com carros mais tecnológicos, digitais e conectados:
marca influencia residual,
software determina liquidez,
atualizações OTA preservam (ou destroem) valor,
modelos chineses têm comportamento imprevisível,
diferentes motorizações têm curvas diferentes.
Impacto direto
Se a locadora errar o residual:
erra os custos,
erra o preço,
erra a margem.
O residual passa a ser o núcleo da precificação moderna.
6. Decisões de Preço Devem Ser Dinâmicas — Tabelas Estáticas Ficam Obsoletas
O setor vive hoje:
volatilidade,
oscilações de demanda,
ciclos tecnológicos curtos,
mudanças regulatórias rápidas,
clientes com comportamento variável.
Nesse cenário, precificação estática destrói margem.
Locadoras precisam de:
simulação de cenários,
integração com dados reais da operação,
Análise de dados e impactos no preço.
É exatamente isso que ferramentas especializadas como a LocPrice fazem: transformam variáveis complexas em decisões automáticas com previsibilidade.
A mensagem do vídeo é clara:
o carro seguirá caro,
o consumidor seguirá migrando para o uso,
os elétricos vão mudar o TCO,
o residual será mais volátil do que nunca,
a indústria dependerá cada vez mais das locadoras,
a tecnologia embarcada altera percepção e preço,
mobilidade será serviço, não posse.
Em um ambiente assim, precificação não é cálculo: é estratégia central. Locadoras que dominarem essa competência:
serão mais lucrativas,
terão operações mais previsíveis,
tomarão menos riscos,
crescerão com segurança,
liderarão o futuro da mobilidade no Brasil.
As que não dominarem… serão engolidas por quem dominar.
Link para assistir ao vídeo Super Executivos analisam o futuro da mobilidade nacional



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